joão m.’s review published on Letterboxd:
Curioso ter visto esse no mesmo dia em que assisti Wife of a Spy, já que ambos possuem uma relação cênica direta com o esvaziamento espacial em seus planos. Porém, se no filme de Kiyoshi Kurosawa isso intensificava o componente dramático e realçava o constante clima de suspense e desconfiança, no filme de Larraín, esse aspecto da mise-en-scène ampla serve apenas como um artifício vazio e supérfluo dentro de inúmeras tentativas de robotizar o próprio projeto. Qualquer tema ou subtexto sugerido no roteiro de Steven Knight é concretizado de maneira apática e sensorialmente desinteressante pelo diretor, indo de uma decupagem contemplativa - e exaustiva - , de uma fotografia esfumaçada intensa e de longos tracking-shots em meio aos ambientes que jamais elevam os arcos para além do mais puro enfado. No final, quem se salva aqui é uma Stewart completamente entregue e as sinfonias berrantes de Jonny Greenwood (que, infelizmente, é usada de modo intrusivo em boa parte da narrativa).