• Leave Her to Heaven

    Leave Her to Heaven

    MUITO LÁ DE CASA, João Bénard da Costa

    GENE TIERNEY E A MINHA PERDIÇÃO

    Por ela nunca penei, três anos, de amor as penas como por Joan Fontaine, gaivota loura aqui pousada noutras semanas. Com ela nunca andei aos beijos ou às bofetadas como com Maureen, Maureen O’Hara. Também nunca ela me pegou ao colo, como as garças de Hitchcock, para me pôr em sossego sobre as águas, de longe me velando, com os olhos semicerrados, entre o fumo de…

  • The Quiet Man

    The Quiet Man

    MUITO LÁ DE CASA, João Bénard da Costa

    MAUREEN O’HARA E A GUERRA DOS SEXOS

    Nunca houve, no cinema, guerras de sexos mais esplêndidas e implacáveis do que as travadas entre Maureen O’Hara e John Wayne. John Ford, que já tinha transformado esta «pastora audaz da religiosa Irlanda» na mineira amortalhada de um País de Gales patriarcal em How Green Was My Valley (O Vale era Verde, de 1941), inventou esse cocktail explosivo em Rio Grande (1950) e agitou-o até…

  • Frenchman's Creek

    Frenchman's Creek

    MUITO LÁ DE CASA, João Bénard da Costa

    JOAN FONTAINE: A MULHER DESCONHECIDA

    Acontece-me com as pessoas que morreram, acontece-me com as pessoas por quem me apaixono. Logo que morrem, logo que descubro que estou apaixonado por elas, deixo de as ver «em sequência» para as passar a ver em plano fixo, as mais das vezes não colhido do real delas mas de uma fotografia que delas subsistiu. Vejo o retrato, não vejo a pessoa. Quando a começo a conhecer,…

  • Bathing Beauty

    Bathing Beauty

    MUITO LÁ DE CASA, João Bénard da Costa

    ESTHER WILLIAMS E O MEU PÉ COXINHO

    Cito de cor e não quero arranjar mais sarilhos. Mas, algures, no filme de João César Monteiro Quem Espera por Sapatos de Defunto Morre Descalço, a voz «off» diz que quem falha o primeiro amor vai a pé coxinho para a vida. Não gostei de ouvir. Porque se for verdade (e o pai desse outro João dizia que sim) eu sou dos tais. Não se…

  • The Birds

    The Birds

    MUITO LÁ DE CASA, João Bénard da Costa

    AS MULHERES DE HITCHCOCK

    Apesar de sua comentada perversidade – ou por causa da sua comentada perversidade – as mulheres de Hitchcock não foram muitas. Tudo leva a crer que houve só uma: Alma Reville, com quem casou a 2 de Dezembro de 1926, ambos com 27 anos, já que nasceram em Agosto de 1899, apenas com um dia de diferença. Ele, a 13, ela a 14.

    E casados ficaram 53 anos,…

  • João Bénard da Costa: Others Will Love the Things I Have Loved

    João Bénard da Costa: Others Will Love the Things I Have Loved

    MUITO LÁ DE CASA, João Bénard da Costa

    NOTA INICIAL

    Basicamente, este livro reúne as crónicas que, entre 11 de Agosto de 1989 e 7 de Setembro de 1990, publiquei no jornal O Independente, sob o título «Muito lá de Casa», igualmente título do presente volume.

    Digo «basicamente» porque excluí desta obra quatro crónicas das que então escrevi sob a caseira designação. Três pareceram-me ainda mais caseiras, pois se referem a uma polémica que, nos fins de 1989, mantive com…

  • And the Ship Sails On

    And the Ship Sails On

    Se houve sempre um lado melodramático em Fellini, o universo privilegiado dele - a que muito impropriamente se pode associar “o musical” - só apareceu na sua obra relativamente tarde, mais concretamente a partir de Prova d’Orchestra (1978). E foi sublinhado, com todo o excesso felliniano, com toda a exacerbação felliniana, em dois dos seus últimos filmes: E La Nave Va e Ginger e Fred, no primeiro convocando-se o mundo da ópera e no segundo a comédia musical americana dos…

  • Rear Window

    Rear Window

    Rear Window é uma das obras míticas de Hitchcock, realizada no mesmo ano e com a mesma actriz (Grace Kelly) de Dial M For Murder que o realizador considerava, sem razão, um “filme de circunstância”. Pelo contrário, Rear Window foi uma obra que sempre o fascinou pela possibilidade de “fazer um filme puramente cinematográfico”. Dou-lhe a palavra: “Temos um homem que olha para fora de casa. É a primeira parte do filme. A segunda parte faz aparecer o que ele…

  • Dial M for Murder

    Dial M for Murder

    Dial M For Murder estreou-se em 1954, dois anos depois de I Confess. 1953 foi o primeiro ano da carreira de Hitchcock (iniciada em 1922) em que o realizador não apresentou um filme. A sua primeira pausa.

    Em compensação, estrearam-se em 1954 duas obras fundamentais: a que agora me ocupa e Rear Window. Ambas tendo como protagonista feminino Grace Kelly que iria fazer com ele três filmes sucessivos (caso único) que constituem o ponto mais alto da carreira da defunta…

  • Stage Fright

    Stage Fright

    Stage Fright é título de duplo sentido pois a expressão tanto "abre" para "medo nos palcos" (o tal "pavor nos bastidores" de que fala o título português) como para a tradução literal que evoca o "medo dos palcos" que muitas vezes, diz-se, os actores sentem quando têm de enfrentar o público.

    E já estou no filme, nesta nova incursão de Hitchcock no mundo do teatro (o "pleasure garden" da sua primeira obra) que tão importante lugar tivera em dois dos…

  • The Trouble with Harry

    The Trouble with Harry

    "The Unexpected from Hitchcock" - foi o slogan de publicidade para anunciar este famosíssimo filme. De então para cá, as reacções à obra parecem confirmar o acerto de tal frase. Por que se manteve a reputação que The Trouble With Harry era um caso à parte na obra de Hitchcock, tanto junto dos hitchcockianos (para quem este filme é uma espécie de parêntesis, um divertimento extremamente conseguido, mas que não adianta muito na obra do Autor) como junto dos que…

  • To Catch a Thief

    To Catch a Thief

    “Set a thief to catch a thief” (“mandar um ladrão para agarrar um ladrão”) é um provérbio inglês com relativa equivalência no nosso “ladrão que rouba a ladrão tem cem anos de perdão”. A história deste “divertimento” filmado por Hitchcock no sul de França é a história do perdão merecido por ladrões de ladrões em que o qualificativo não cabe apenas ao “verdadeiro ladrão” (ou à “verdadeira ladra”), Brigitte Auber nem ao “falso ladrão”, o reformado Cary Grant, mas se…