Acompanhar a franquia John Wick é observar a transformação do cinema de ação. O longa original foi o responsável por tirar Chad Stahelski e seu co-diretor nos primeiros John Wick, David Leitch (Atômica), de suas posições de risco como dublês e semtar na cadeira de direção atrás das câmeras, tal qual fez Jackie Chan e Yuen Woo-Ping em determinada fase de suas carreiras. Depois disso, Sam Hargrave (A Extração) e outros estão fazendo o mesmo, com o intuito de trazer um novo olhar para os filmes de ação, focado em cenas dinâmicas, eletrizantes e um trabalho impecável de coordenação de dublês.

O quarto capítulo da saga de John Wick não só se aproveita dos acertos estéticos de Parabellum — no design produção trabalho no neon, por exemplo — como também eleva o que já era ótimo. Baba Yaga carrega as marcas registradas da franquia no que tange as cenas de ação, que misturam diversas artes marciais e tiros nas coreografias plásticas e brutais; com um adicional de que o trabalho de fotografia está ainda melhor, por explorar diversos takes engenhosos e na maneira que movimenta a câmera, sempre buscando valorizar o ambiente e as coreografias muito bem protagonizadas por Keanu Reeves, Donnie Yen e a equipe de dublês. 

Mas não é só nas cenas de ação que a fotografia de John Wick 4 acerta. Neste novo capítulo vemos a câmera buscando valorizar mais o trabalho dramático. Com closes nos rostos de seus personagens, takes contemplativos e travellings bem colocados, resgatando até referências dos faroestes e do arthouse. O que nos mostra o amadurecimento de Stahelski enquanto diretor, trabalhando metáforas e rimas visuais interessantes. A exemplo da cena de luta numa boate em Berlim. É interessante ver como Stahelski tece essas correlações entre a dança e as lutas coreografadas, colocando os seus personagens para “dançarem” no ritmo da música e no meio da multidão. 

John Wick 4: Baba Yaga é fantástico e sem sombra de dúvidas o melhor filme da franquia, por reafirmar suas qualidades e particularidades, ao mesmo que incute novas linguagens. Ainda é incerto o futuro da saga, já que os planos para o quinto filme foram engavetados por enquanto. Mas o fato é: se este for o último filme, John Wick se encerrará no seu auge e refletindo a sua magnitude e influência no cinema de ação pós-2010.