1984 ‘Extremos do Prazer’ Directed by Carlos Reichenbach
Luiz Antônio, a sociologist, had his political rights suppressed, during the Brazilian military dictatorship. Also, his wife Ruth had been tortured and killed. So he decides to hide in his niece Natércia and her husband Felipe's country house for a while. But she invites the intellectual Marcela and broker Ricardo for a weekend together. Luiz's world is upset and the existential problems of all get entangled, with unexpected results.
Brazil
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Paradise should’ve been wrecked. The remains of utopia and the dissolution of individualism. Also Roberto Miranda, one of Brazil’s finest actors, take his asshole number to new heights as the social climber jerk whose refusal to stay in his place gives to a total breakdown of social contract (I’m trying to think of another film like this whose agent provocateur is the most conservative character and failing). Most early 80s Reichenbach’s movies are about the burning out of 70s dictatorship, but none other makes the systematic belief that success and progress would be a given at the end of that looking like such a shattered bullshit.
Acho que é dos melhores filmes do Reichenbach não só por essa perspectiva muito concreta e impiedosa de uma utopia falida, mas pela unidade toda do trabalho. Ele tem uma vibe drama de câmara godardiano meets pornochanchada desconstruída que é uma beleza mesmo. Fora que esse vhs rip bizarro parece que tudo é uma miragem louca e gostosa perdida no tempo. O que não deixa de ser mesmo né...
Sem sombra de dúvida, um dos mais geniais de seu diretor: reaproveita elenco e variações personalísticas de filmes anteriores, a fim de erigir uma das entregas mais pessoais do imortal Carlão como roteirista. A famosa seqüência especular em que sua voz e reflexo contaminam a tela é algo para se aplaudir de pé, para sempre. As citações literárias e filosóficas de praxe, idem. Que honra para o Soren Aabye Kierkegaard para fechar o círculo genial de autoanálise de esquerda e direita políticas naquela cartela final absolutamente genial. Magnífico: eu e meus amigos exultávamos durante a sessão. Sem contar que serve-se muitíssimo bem de um erotismo quase pornográfico e mui protestante. Um dos melhores do diretor, sem dúvida! <3 (WPC>)
Sublime, bem humorado e trágico. A verve intelectual sempre afiada do Carlão flui com maestria de maneira perene por toda a minutagem. Como todos os seus filmes, sinto que esse vai ficar ainda melhor numa revisão. Uma vastidão temática em noventa minutos: a ressaca do fim da ditadura, o exílio no próprio país e mesmo na própria casa, os traumas que a redemocratização não cura, reacionarismo (político, social, sexual) normativo versus intelectualidade de esquerda e um erotismo muito bem dirigido. A ideia do tio subversivo viria a ser retrabalhada, de maneira diferente e também linda, em "Dois Córregos".
Primeira conexão que me veio na mente foi em narrativamente ser como um Pauline da Praia, estruturalmente meio godardiano, só que tudo à brasileira (ou seja: avacalhado, porraloucado, sexualizado e politizado). Personagens vão para uma casa de verão que funciona como esse microssistema em que diversas relações começam a se cruzar, só que aí ao invés da menina inocente como protagonista a gente tem o garanhão machão conservador (Paulo Miranda genial) que simplesmente implode seus valores conforme vai sendo escancarada toda a liberdade do filme (sexual, política e até formalmente em montagem e na câmera), com ele vai percebendo como o mundo progrediu em costumes e ele ficou para trás. Acho genial esse movimento de que o filme começa parecendo…
take pretensioso: pornochanchada tratada pelo viés de um bergman tropical, cm a jovialidade do godard sessentista, sobre as distâncias entre as diversas facetas da intelectualidade revolucionária – o intelectual auto-exilado, a juventude do desbunde – e o conservadorismo tupiniquim, aqui tomado pelo avatar do machão reaça
tudo mto bacana. já eu, um homem simplório, me contento cm pequenos prazeres, como olhar a piroca de roberto miranda
Roberto Miranda é um reacionário babaca lançando provocações num antro de esquerdistas. Filme incrível.
Extremos do Prazer dialoga sobre vários segmentos de uma mesma burguesia, enquanto tece sua crítica. Há, sob o personagem de Ricardo, a representação do típico macho boçal, que não se faz escutar e é ignorante em todos os aspectos. Enquanto outros personagens, como Aninha e Sérgio, que carregam em si discursos pseudo intelectuais e idealísticos, são comparados à juventude pseudo revolucionária de A Chinesa (1967), em uma cena ao som de Revolution, dos Beatles. O personagem de Luiz, um intelectual (e pessimista), contrasta com esses dois tipos de juventude oitentista, tendo seu convívio exterior prejudicado em decorrência à ditadura. Luiz saí de um exílio (na França) e entra em outro (Brasil), pois continua a viver enclausurado, visto que o mundo não se tornou aquilo que deveria ser. A metalinguagem que comenta os próprios ambientes e personagens tem papel de quebra na diegese e é, sem dúvidas, a melhor coisa do filme.
Reichenbach bem que poderia reencarnar n'alguém e fazer mais umas 15 preciosidades como essa, não? Dos seus filmes oitentistas sobre a liberdade e a absoluta resignação concomitante ao mais perene sentimento de esperança (as duas reflexões estão sempre em conflito), "Extremos do Prazer" talvez seja o mais bem escrito, sagaz e anárquico de todos.
O diálogo corriqueiro de uma cena inicial
"- A Marcela você já conhece, né, tio? Ela já veio aqui.
- Está diferente.
- Acho que porque estou solteira de novo.
- Separou?
- Graças a deus, né, Ma?
- É..."
se contrapõe (e complementa-se) aos escritos que sangram exibidos em tela de um último plano metalinguístico
"No desespero, o morrer continuamente se transforma em viver. Quem desespera não pode morrer."
Só mesmo o Carlão pra unir esses dois mundos (ou percebê-los mesmo como um só).
