Thor: Love and Thunder

Thor: Love and Thunder ★★½

Comentários sobre Thor: Amor e Trovão:

Creio que um trabalho colaborativo na escrita do roteiro entre o diretor Taika Waititi e James Gunn, resolveria as dificuldades na criação dos elos entre as diferentes estruturas narrativas que Thor: Amor e Trovão apresenta ter. Além de segurar um pouco o humor escrachado que se torna incômodo e categoricamente anticlimático, quando o limite entre o patético e o satírico é inexistente.

A figura do Filho de Odin nos filmes dirigidos pelos Irmãos Russo, pós Ragnarok (2017), é muito mais equilibrada e não deixa de ser genuinamente engraçada, usando o humor a favor de si mesmo. Mostrando que há condições de lidar com essa nova roupagem mais cômica e debochada. O peso dramático ainda existia nessas obras. Aqui o longa não usa o alívio cômico ou a piada como um elemento que movimenta a história para trazer um respiro, uma leveza. Na verdade, ele se torna o “personagem principal” o que consequentemente ofusca qualquer intenção de ser levado à sério e diminui o nível de envolvimento emocional e o verdadeiro senso de perigo. E sim, de certa forma o filme prometeu isso mesmo. Porém, definitivamente, não consigo me conectar.

Gorr (Christian Bale): é a mistura do Mr. Freeze (Schwarzenegger), com o Baixo Astral (Guilherme Karan) e o Coringa do Jared Leto. Caricato demais. Seu título de Carniceiro dos Deuses, não faz nenhum sentido na maneira que o roteiro lida com suas ações. São escolhas criativas que comprometem a vilania e que fogem do seu conceito nas HQs. Chris Hemsworth volta a ser um “loiro burro” estereotipado que aceitou fazer em Ghostbusters (2016), com a diferença de usar um machado e muito esteroides. Natalie Portman quase uma década depois retorna como Jane Foster, se esforça, mas parece que perdeu a essência da personagem com o passar do tempo.

A química entre o casal só acontece em uma cena específica: uma passagem no barco em que o Thor interrompe as piadas e dá espaço para um diálogo mais sensato e reflexivo onde o talento da atriz ganha notoriedade, e as intenções do filme ficam mais claras. Ali, consigo me envolver mais com as intenções do diretor e de toda a jornada proposta. O uso das crianças fazendo uma correlação com o clássico Sweet Child O’ Mine e toda sua mensagem positivista, é até legítimo.

Algumas sequências visualmente muito boas, um novo universo mais atraente e uma paleta de cores mais harmonizada são méritos assertivos. É uma pena que as temáticas sobre ateísmo, crença, fé e esperança tenham sido engolidas pelo uso apelativo do humor, possibilitando que tudo seja tão profundo quanto uma piscina infantil. De fato, não é um filme covarde. É só bobo demais.

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